O Manuel baiano, figura típica de Florianopolis.

Já vai para 12 anos, que conheço, o Manuel da Silva Soares, que tem um buteko, em frente ao hotel onde costumo me alojar, sempre igual, trabalha noite, e dia sem descanso, nem ferias, não sei como pode um ser humano aguentar tanto, sempre feliz, e contente, e ainda se da ao luxo de ir para a balada (baile, onde se pode encontrar mulher) depois de ter estado a frente do buteko, durante mais de 15 horas, e no dia seguinte lá esta ele, pela manhã bem cedo, com a mesma alegria, e a mesma vontade de trabalhar.

Ele veio da Baía, para São Paulo, ainda jovem, e segundo ele tudo o que sabe aprendeu com portugueses, para quem trabalhou na cidade paulista, mas depois de um divórcio veio parar a esta cidade, onde se tornou um escravo de si mesmo.

E um homem trabalhador, que quer muito conquistar uma mulher, que o possa ajudar na vida em comum, mas com a falta de tempo que ele tem, fica difícil, ontem estava conversando, com um amigo que também queria ir com ele, na balada, como eles dizem por aqui, eu fiquei escutando como, o baiano dava uma lição de costumes e boa aparência, ao seu amigo, de como proceder nessas coisas de amor e conquistas, quem o ouvisse falar, havia de pensar que estava diante de um homem experimentado

Muito exigente o Manuel, falava para o outro, o cara, tu tem que ir de fato bom e limpo, mulher gosta de ver gente fina, se tu vai com essa roupa nenhuma vai olhar para ti.

Que lição, parecia um professor, tal era a classe com que parecia se exprimir, e usando de sua experiência, estava senhor de si próprio, só que, se sabe tanto disso, porque continua sozinho?

Muito simples, como diz um ditado português, quem tem tenda que a atenda se não que a venda, ora ele, não vende nem a entrega a ninguém, que mulher poderia aceitar um homem que vive para trabalhar, sem pensar na sua vida, nem na vida de ninguém, E difícil meu amigo Manuel, as baladas e os bailes, servem apenas para matar o teu ego, e continuares só, te iludindo, com esse cano de escape, que não te vai levar a lado nenhum e assim viveras, até que um dia a realidade te bata a porta.

Como bom brasileiro conta histórias de português estúpido, eu rio, deixo que fique feliz contando o que lhe vai na alma, porque sei que não conta história para denegrir, os que lhe ensinaram tudo, como ele faz questão de dizer, que tudo o que sabe o aprendeu com os portugueses.

Fica difícil compreender, como um homem pode fazer o que ele faz, trabalhar sem descanso. Tantas horas seguidas, nem tempo tem para ir ao médico, mas se um dia estiver doente nunca mais se levanta.

Meu amigo Manuel, abre os olhos enquanto é tempo que depois já não vale a pena, serás sempre uma figura tipica, que eu não posso esquecer, não te chamarei, nem estúpido nem ignorante, mas escravo de ti próprio, seu microempresario como ele se define.

 

 

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