Festa de despedida da Ponte de Remondes.
Realizou-se nos dias 11 e 12 de Agosto uma festa grandiosa na Ponte de Remondes,
para homenagear esta, que dentro de pouco ficara coberta de água pela barragem do Baixo Sabor.
Quem não podia faltar era o São Bartolomeu, e lá foi ele no seu andor para debaixo da ponte onde foi rezada missa campal.
Olha lá S. Bartolomeu, tu andavas aqui tão perto, e nunca tinhas vindo ao rio. Isso é verdade, nunca tive essa oportunidade de baixar, mas gostei, lá isso é verdade. Já ando por aqui há muito tempo, já vi passar muita gente, e eu lá na minha velha capela, sempre esperando pelas almas que por aqui vagueavam, foram muitos os que imploraram a minha ajuda, e eu lá fiz o que pode, que a todos só Deus. Por onde andas agora? Sei lá, vivo de casa emprestada lá na aldeia, mas minha terra é aqui. Tempos modernos, meu amigo, já não há tranquilidade nem para um santo, e por isso nem posso ficar na minha capela. No dia 11 quando vinha no andor pela ladeira abaixo, passei por onde tinha passado há muitos anos atrás, mas como esta tudo mudado. Mal sai de Remondes, passando por sítios conhecidos as alminhas, onde implorei o perdão de todos, depois chegamos ao cruzeiro do pinheiro, e ainda lá estava, alguns lhe chamam o espanta diabos. Mas são Bartolomeu diz, espanta diabos? Meu caro amigo, esses não se espantam se afoguento com as nossas orações, em nome do pai do filho e do espirito santo amem.
Este caminho, era muito percorrido nos tempos em que eu vivia permanentemente lá na minha velha capela, hoje já não á gente por estas paragens, quantas coisas boas e más eu vi, e hoje estou desterrado longe do meu altar, quantas saudades tenho dos tempos que já lá vão.
Vi muitos galegos que construíam esta ponte, e vinham orar e pedir para que eu guardasse sua vida e a dos seus familiares que estavam tão longe, e os ajudasse a suportar as saudades que tinham dos seus ante queridos. Da minha velha capela, assisti a muita coisa boa e má a taberna do Sorrilha ali bem perto, ai nossa senhora me ajude, eram muitas as brigas, que ocorriam sempre depois de terem bebido de mais, e eu aqui bem perto …..
E ainda te lembras meu santo, daquela história em que o cozinheiro que fez a sopa para os galegos e, ao ver algo estranho dentro dela pensou que era uma salamandra…Tu me fazes rir a gente só ri do mal, até eu que sou santo me rio disso, que Deus me perdoe, pareciam perdidos e que sua vida estava prestes a ter fim, mas lá pedi a Deus e ele ajudou, até a lua os enganou, não foi a lua meu amigo foi a fome.
Por isso tu és um santo querido desta terra, e de muitas mais. Eu não mereço tanto meu amigo, sou apenas um santo que tenta ajudar quem acredita em mim.
Mas houve uma altura em que tiveste grandes problemas, quando em nome de Deus os filhos do rei, um Liberal e outro Absolutista bateram-se entre si, tendo como limites a velha Ponte de Remondes. Nem me fales, todos vinham aqui pedir que os ajudasse a vencer, sempre se consideravam melhor que os outros. E tu que lhe respondias? Nada ouvia e calava era a única maneira de poder sair daqui sem grandes danos. Grande diplomata meu santo. Foi difícil mas depois lá foram embora, e em virtude de terem destruído a ponte voltaram os galegos que eu já conhecia, meu amigo muito mais há para contar para a próxima te espero.