A fraga do Poio
Desde os tempos de criança,
sempre ouvi falar da fraga do poio, as pessoas mais velhas falavam dela com respeito porque era um local que ninguém conseguia descer, tal era a inclinação que dava para um precipício onde só aves e algumas cabras se poderiam aventurar.
Aqui havia todos os anos ninhos de águias, e noutros tempos de abutres e corvos e também de pombos bravos.
Quantas vezes me assomei! Admirando o fraguedo que metia medo, naquele tempo o mundo era pequeno, e para nós era a fraga maior, embora bem perto em Brunhoso haja outra fraga do Poio, assim como em Paradela ambas maiores que a nossa.
O tempo foi passando e ela continua lá, cada dia mais só, embora sempre admirada, os cabreiros e pastores que por ali passavam com seus rebanhos tinham ali uma barreira intransponível.
O tempo mudou, e eu deixei de ver as coisas da mesma maneira e há pouco tempo numa das minhas visitas encontrei no cimo numa fraga, um buraco que não tenho dúvidas foi feito pelo homem escavado na rocha, onde pode ver-se com facilidade que foi escavado pela mão do homem há muito tempo.
Penso que nunca tinha sido nomeado por ninguém, mas representa algo do passado do homem da pré-história, que andou por estas paragens, e encontrava aqui, nestas ingremes arribas um refúgio, servindo o buraco para guardar alimentos, onde ficavam seguros, porque nenhum animal podia lá chegar.
O nome de poio, sempre andou ligado a antiqualhas, embora a fraga do poio de Remondes não sejam tão grandes, como as que existem na Fraga do Poio de Brunhoso, onde foi encontrado um povoado da idade do ferro.
Hoje só as Aguias continuam fazendo lá o seu ninho, na última visita pode ver um casal que voava sobre ela como que, vigiando a sua casa, por quanto tempo? A resposta pertence a todos, em preservar a natureza tal como a recebemos de nossos antepassados.