O rebusco.

Sempre ouvi falar no rebusco,

que era o ato de procurar algo depois das colheitas, por isso havia rebusco de tudo, das vendimas, da apanha da amêndoa, da azeitona, e da apanha da castanha.

No verão era o rebusco da amêndoa, depois que era encerrada a colheita, lá iam eles logo pela manhã, com um saco atado em forma de sarrão, percorrendo a ladeira à procura de alguma amêndoa que pudesse ter ficado escondido, e havia alguns que ganhavam mais ao rebusco do que a jeira, embora lhe fossem atribuídos alguns pequenos furtos.

Depois vinha o rebusco das vindimas, e que nalgumas terras se chamava de galena, o que permitia a certas pessoas apanhar algumas uvas a fim de poderem fazer um pouco de vinho, embora na nossa terra não existisse este rebusco porque as vinhas eram muito poucas.

O rebusco da castanha era o mais conhecido, era feito depois da apanha, e dos castanheiros soutados, pelos proprietários quase sempre no primeiro de Novembro, lá iam aos montões pessoas para a serra procurando as castanhas perdidas e muitas vezes eram as únicas que muita gente poderia comer, quem gostava muito deste rebusco eram os miúdos, que depois de saírem da escola lá iam eles para a serra onde havia mais castanheiros.

Aqui em Remondes houve em tempos muitos castanheiros, que se estendiam nos abcedos desde o povo pela moradelha e em muitas outras partes do termo de Remondes.

No vale era onde havia castanheiros maiores, alguns davam sacos e sacos de castanhas, estendendo-se pelo abcedo até aos quartelhos, onde havia uma mancha muito grande de castanheiros, e quase nunca eram do dono do terreno, sendo a maioria arvores encravadas existindo ainda hoje alguns que tem mais de 20 donos.

Hoje em dia nada disto existe, fica apenas o registo para as gerações vindoiras.

Havia uma senhora que fazia o rebusco de azeitona, e apanhava tanta que colhia azeite para gastar todo o ano, e o povo dizia com razão que ela apanhava as oliveiras dos outros, e depois dizia que era rebusco. Viva a rebusco.

 

 

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